Artigo do Ombudsman

por Any Cometti

Projetos sociais, ONGs e casas de acolhimento estiveram na pauta durante dois meses de um trabalho inicialmente avaliativo que se transformou em paixão e motivo de orgulho. Mas talvez a falta de experiência, o fervor das primeiras matérias e a pressão para que tudo ficasse da forma que almejavam tenham sido os maiores obstáculos dessas focas no caminho rumo à melhor forma de se fazer Jornalismo. Todas as meninas aprenderam a lidar com fontes, horários e depoimentos. Erros foram cometidos na tentativa de fazer melhor, de inovar, e a diferença entre as primeiras e as últimas matérias é nítida.

O blog, primeiramente, tem como público-alvo jovens de todas as regiões da Grande Vitória. Mas apenas uma matéria – Viva a melhor idade!, de Izabelly Possatto – foi feita fora da capital, além das pequenas reportagens sobre os módulos da Biblioteca Transcol. Muitos projetos recebiam apoio da Prefeitura de Vitória, parceria que, inclusive, dificultou a apuração da matéria Nos passos do Futuro, também de Izabelly Possatto, sobre o projeto Caminhando Juntos (Cajun). Seria interessante retratar mais instituições boas, com muitos atendidos, que não conseguem parceria de órgãos governamentais ou privados, e mostrar o porquê dessa dificuldade. Também seria interessante destacar um pouco mais essa dificuldade com relação à prefeitura, incomodá-la um pouco mais, e descobrir o porquê do cerco tão grande em torno de alguns projetos.

Um dos principais deslizes cometidos pelas repórteres foi, talvez, escrever a matéria para alguém que conhecesse o tema, e não lembrar que o leitor busca naquela reportagem todas as informações necessárias e claras conforme seu interesse. Esther Ramos Radaelli, em Democratizar é Lei, explicou cada projeto desempenhado no espaço, mas não deixou claro que Escolinha de Ginástica é um dos trabalhos desenvolvidos; pra quem lê, o nome pode ser entendido como menção ao espaço do projeto e gerar confusão. Faltou a explicação do projeto Pro Jovem Urbano, na matéria de Any Cometti sobre o Núcleo Afro Odomodê; e erros nos nomes das instituições, como o que Thaiana Gomes escreve em sua primeira reportagem, e Any Cometti não edita: Arteliê de idéias, quando na verdade deveria ser Ateliê, são o tipo de erro que não deve nem pode ser cometido. A ortografia ficou em segundo plano, dado que as antigas e novas regras – de acentuação, hifenização e trema – confundiram-se nas diferentes matérias. Um veículo sempre deve estabelecer seus padrões de estilo: se serão adotadas ou não as novas regras ortográficas, se meses, profissões e cursos superiores são iniciados com caixa alta, se números são escritos por extenso, se o nome do projeto, na parte que exibe as formas de contato, vai em bold ou não.

Outro erro cometido no início pelas meninas foi a promessa de fazer um vídeo com o making-off de cada matéria. Mesmo antes de tentar incluir o primeiro deles no arquivo do blog, anunciou-se a existência de um na primeira reportagem postada. E isso se seguiu: na segunda, na terceira, na quarta. Não houve correção nas postagens em que foi abordada a alguma das integrantes a autoria das filmagens sem que o leitor tivesse acesso à mídia. Ao contrário do que poderiam ter pensado, a menção a algo que não existe pode representar mais uma irresponsabilidade, uma falta de compromisso ao que é apresentado como proposta inicial, do que uma referência a algo que se tentou fazer e não foi concretizado, por qualquer razão que houvesse.

A periodicidade do blog, também, é um fator a ser considerado. As matérias eram postadas duas vezes por semana, impreterivelmente. Entretanto, várias vezes as matérias saiam na madrugada entre o dia estabelecido para postagem, sábados ou quartas, e o dia posterior, domingos ou quintas-feiras, e esse fator pode gerar confusão entre quem procura os dias fixos de postagens para ler novas matérias.

Biblioteca Transcol

Última pauta do período avaliativo do blog. Sugerida por um leitor e adorada por vários. Foram feitas cinco matérias: uma geral, que visou apresentar o projeto e a ONG idealizadora, e outras quatro, que retrataram o dia-a-dia dos módulos de biblioteca e personagens que faziam parte do espaço. De forma diferente por ser uma série especial, mas escritas dentro do mesmo padrão no qual foram feitas todas as outras.

E, porque não, enlouquecer um pouco mais? Fazer do cotidiano um fato peculiar? Aproveitar que era uma série especial e arriscar, diferenciá-las ainda mais da forma como todas as outras matérias foram escritas? Para o leitor Daniel Fernandes, faltou literatura na série especial, dado que o tema central do projeto era propício: Livros. “Elas poderiam ter entrado em ônibus, entrevistado gente que estava lendo naquele momento. Faltou loucura”. E onde estava a repórter Any Cometti nessa série? Limitou-se a editar toda a série enquanto Maíra Mendonça ficou sobrecarregada ao fazer a matéria geral e uma das reportagens específicas.

Segundo integrantes do blog, esse tipo de reportagem requer o tempo que algumas delas não têm disponível. Entretanto, como uma matéria especial, deveria ser pensada e preparada a longo prazo, já que na vida de um jornalista, ainda que esse seja um estudante, tempo é mercadoria preciosa e constantemente em falta. Agora, as jornalistas pretendem continuar com o blog, com uma postagem semanal. Talvez haja mais tempo de pensar e fazer reportagens mais criativas e inovadoras.

O Socialidades

Esse blog foi criado como tarefa de uma matéria da nossa grade curricular. Porém, para nós, muito além de uma nota foi uma experiência muito enriquecedora. De qualquer maneira, a meta obrigatória para a disciplina foi fechada, na quarta-feira, com a última matéria da nossa Série Especial sobre a Biblioteca Transcol. Gostaríamos de agradecer a todos que acompanharam o nosso blog encerrando essa fase com nossos depoimentos, contando um pouco do percurso por essa experiência real no Jornalismo chamado Socialidades.

“No início era a matéria. Fontes, lugares e prazos definidos. O maior problema parecia ser escrevê-la; por a quantidade exata e necessária de informações no espaço determinado. Mas não foi. A grande dificuldade foi desvincular nossas emoções de nosso trabalho profissional, e fazer com que o método, e apenas ele, se tornasse objetivo, como já dizia Felipe Pena. Comprovamos na prática que é impossível. Em cada lugar, a experiência foi única, e não só desenvolvemos nosso lado profissional e social como jornalistas, mas crescemos pessoalmente. Cada pessoa nos permitiu conhecer e participar de sua vida por poucos minutos de entrevista. E assim, deixou uma marca eterna em nossa história.” Por Any Cometti

“Vila Rubim, Maruípe, Centro, Maria Ortiz. Frank, Maurenice, Fabíola, Edna, Sônia, Roberta, Aline, Renata, Cephora, Eduardo. Esses e mais alguns lugares, essas e mais algumas pessoas fazem parte do Socialidades com a gente. A nossa vontade de reportar a realidade dos Projetos Sociais só pôde se concretizar porque existem seres humanos, como os que entrevistamos, que acreditam na importância da ajuda ao próximo. Muitas vezes esse espírito de solidariedade que encontrávamos nas instituições era o que nos movia a não nos abatermos pelo cansaço.

No aspecto profissional, aprendi a chegar às pessoas que eu entrevistaria sem receio; senti na pele a responsabilidade de apurar e lutar por uma matéria justa; percebi que, às vezes, é difícil organizar todas as informações coletadas. Como resultado, o Socialidades me deu de presente amizades incríveis e me motivou mais ainda a seguir o Jornalismo. Aliás, o que me motivou foi poder conhecer aqueles lugares e aquelas pessoas…” Por Esther Ramos Radaelli

“Passamos por momentos difíceis. Fazíamos matérias e posts madrugadas afora, mas ganhamos mais maturidade e passamos a vivenciar os êxitos e as dificuldades do dia-a-dia de um jornalista.

Foi impossível não se emocionar com as histórias de superação e não se alegrar com as conquistas de cada entrevistado. Mas, fazer um blog abordando projetos sociais de modo positivo e com responsabilidade contribuiu, ainda que de maneira tímida, com a melhora da sociedade, uma das principais lutas do jornalismo.” Por Maíra Mendonça Cabral

“Encaramos nossos preconceitos, conhecemos outras realidades, fomos capazes de provar experiências novas em simples gestos. Conseguimos passar a nossa mensagem ignorando as dificuldades. Agora a nossa expectativa é que depois de tudo ainda sintamos o reflexo desses dias no cotidiano do “Socialidades”, blog este que temos orgulho de ter feito parte por unir num mesmo espaço conhecimento, amor ao próximo e liberdade de pensamento.” Por Thaiana Gomes

“Apresentar pessoas que, em meio ao ‘caos social’ que vivemos, ainda se importam em ajudar outras. Esse foi o início do socialidades. Começo porque ao longo do trabalho descobrimos tantas coisas que não esperávamos. Dificuldades, correria, alegrias e temores são apenas algumas palavras que caracterizaram nossos últimos meses. Não foi uma tarefa fácil ter duas pautas a cada semana, mas aprendemos a lidar com contratempos, adversidades e o principal: trabalhamos em grupo. Chegamos ao final de mais um projeto juntas com a certeza de que fizemos o melhor que pudemos em cada matéria, apuração e edição deste blog. Esperamos que o principal objetivo, que é informar, tenha sido alcançado. E quem sabe se não conseguimos levar talvez um pouco mais de humanidade as pessoas? ‘C’est le fin’ (É o fim)!” Por Izabelly Possatto

Terminal Jardim América: um incentivo a mais

por Thaiana Gomes

Ludmila Gaspar poderia ter sido jogadora de basquete. Ela tem altura suficiente para estar dentro das quadras. Mas vocação não se discute! Tornou-se técnica em biblioteconomia e hoje trabalha na Biblioteca Transcol  de Jardim América desde a sua inauguração, em agosto de 2009. Filha de pais semi-analfabetos, diz que não foi incentivada a ler. Porém, tal fato não interveio em suas escolhas. A primeira escola que freqüentou não possuía um espaço de estímulo à leitura, conta. Mas seu interesse pelos livros não foi barrado por isso: ela começou a freqüentar as bibliotecas da Fafi e a municipal de Vitória.

De Machado de Assis a Shakespeare. Dos clássicos à ficção. Ludmila lia e lê de tudo.Hoje com 29 anos, tendo percorrido vários caminhos por entre as linhas de várias histórias, a “grande” Ludmila de sorriso tímido está onde quer e fazendo o que gosta. “Sempre almejei algo que me trouxesse felicidade, independentemente do dinheiro.”

Biblioteca Transcol

A técnica em biblioteconomia, que pretende fazer a graduação na área, é a responsável por cadastrar novos “descobridores do mundo”. A leitora mais assídua da biblioteca diz que ninguém é dono do conhecimento e que “quem lê vale por dois”. Nascida e criada no bairro Romão, em Vitória, desde pequena aprendeu a compartilhar. “Tenho dois sobrinhos e incentivá-los a ler e partilhar minhas leituras é algo que sempre faço”. Entre uma conversa e outra expõe alguns dos livros que mais gosta e destaca uma frase de Montesquieu: “Jamais sofri qualquer mágoa que uma hora de boa leitura não tenha curado”. É isso que Ludmila Gaspar passa para todos que freqüentam àquela biblioteca, o seu exemplo de vida e sua paixão pelos livros.

Editora: Any Cometti

Foto: Divulgação

Terminal Laranjeiras: “um laboratório vivo”

por Esther Ramos Radaelli

No centro do Terminal Laranjeiras um contêiner bem iluminado e refrigerado, todo decorado por adesivos coloridos, te leva para uma viagem além das linhas de ônibus convencionais. Essa é a Biblioteca Transcol do bairro de Laranjeiras, criada em 2007, a primeira do estado.

Biblioteca Transcol do T. Laranjeiras

Um ambiente não muito grande, mas que parece ainda menor pelo grande número de pessoas. São aproximadamente 5 mil cadastrados, sendo que por dia são mais de 150 livros emprestados. Durante aproximadamente uma hora dentro da biblioteca não houve um instante em que ela estivesse vazia. Por isso, se o Luiz, estagiário do projeto, não estivesse lá para ajudar, seria difícil conversar com Maurenice, responsável pelo espaço no turno da manhã.

Sayonara, Maurenice e Luiz: funcionários do Projeto

“Um laboratório vivo.” Assim o projeto foi definido por Maurenice Muricci, 39 anos. Mulher de sorrisos fáceis e com grande simpatia. Ela reconhece a maioria dos freqüentadores da biblioteca, chama-os pelo nome, pergunta por suas famílias. Trabalha nesse projeto há um ano e meio e acredita que as dimensões que a Biblioteca Transcol alcançou hoje “foram mais do que a expectativa.”

O Luiz Henrique de Oliveira Placides, estagiário, tem 22 anos e também dá provas de que esse laboratório tem muito a ensinar. Depois de seis meses de trabalho, diz que sua cabeça está mais aberta; antes passava pelos terminais alheio a relação das pessoas com a leitura, sempre ouvindo música. Agora se dá conta de como os livros da Biblioteca Transcol estão em todos os cantos, ou melhor, ônibus, levando a leitura a um público que agora não precisa se esforçar para encontrar uma boa história.

Lorrany e Maria Regina

Maria Regina, 17 anos e Lorrany Nunes, 18 anos, são um exemplo disso. Estudam no Aristóbulo, escola pública não muito longe do terminal. Lorrany levou Maria Regina para se cadastrar no projeto e ambas são freqüentadoras assíduas.

Estudantes, trocadores, motoristas, crianças, jovens, adultos. A Biblioteca Transcol de Laranjeiras é um retalho de personagens fictícios e reais. E o melhor? Está há poucos passos do seu ônibus.

 

Fotografia e edição: Any Cometti

Terminal Itacibá: os livros estão por toda parte

por Maíra Mendonça Cabral

Se as pessoas não vão até os livros, os livros vão até as pessoas. É com esta frase que Cleilson Freitas, de 25 anos, atendente da Biblioteca Transcol de Itacibá, resume o principal intuito desse projeto.

Todos os dias passam pelo terminal centenas de pessoas, umas apressadas para escola ou para o trabalho, outras caminham devagar na espera de seu ônibus, hora para passear, hora pra voltar para suas casas. O início da manhã e o fim da tarde são os horários de maior movimento. São nesses momentos, que o pequeno Terminal de Itacibá, Cariacica, se transforma em um fervilhão de gente. É difícil imaginar que lá possa existir um lugar tranqüilo, onde todos podem compartilhar da calmaria em companhia de livros.

Bem vindos à Biblioteca Transcol do Terminal de Itacibá, em Cariacica.

Mas existe sim. E lá está, ao lado da lanchonete com caldo-de-cana, pertinho dos camelôs. A banca de livros da Biblioteca Transcol chega a emprestar de 40 a 50 livros por dia. Como afirma Cleilson, por lá passam crianças, idosos, adolescentes, estudantes e vendedores ambulantes. Todos à espera de uma oportunidade para se aproximar do mundo da leitura, que muitas vezes lhes é negada pela falta de recursos ou pela falta de tempo.

Foi graças às Bibliotecas Transcol que essa espera chegou ao fim. Contando com um acervo de quase 800 obras, a livraria é responsável por levar cultura e informação aos públicos mais diversos. Agora os livros passaram a fazer parte do cotidiano dessas pessoas, que finalmente ganharam o direito de viajar, se entreter e aprender junto às inúmeras páginas folheadas.

Até o fim do ano, a Biblioteca Transcol de Itacibá, conforme afirma Daniella do Couto Baroni Nascimento, 25 anos, gerente do projeto, adotará o sistema de containers. Esse novo módulo permitirá um maior espaço para a interação entre os livros e os leitores, além de possibilitar o aceso á internet .

Fotografia: Maíra Mendonça Cabral

Edição: Any Cometti

Terminal Ibes: palavras fundamentais

por Izabelly Possatto

Ecnaton e Ricardo na Biblioteca

Gente. É o que circula nos terminais da grande Vitória, especialmente no Ibes, inaugurado dia 8 de março de 1991. São justamente essas pessoas que fazem cidadania e isso é matéria. Reportagens são constituídas, além das notícias, de personagens. A personificação faz parte e contar a história deles ao invés de outra narrada por eles também é pauta.

“Ler é … fundamental”. Essa foi a frase que Ecnaton Jaguarassu da Silva, 29 anos, completou ao ser indagado sobre a leitura. Pode parecer clichê, mas ele garante que não é, pois afirma que através da leitura há uma abrangência maior do conhecimento. Novos lugares, sensações, experiências; tudo é vivenciado e descoberto ao decorrer das linhas de um livro. O aspecto brincalhão e o permanente sorriso fazem parte da vida e da profissão não tão comum atualmente, mas sempre presente e necessária em meio à desordem que é o cotidiano; Ecnaton é palhaço e circula nas linhas de ônibus para alegrar a viagem dos passageiros.

De engraçada mesmo só a carreira porque cita O conde de Monte Cristo como livro marcante em sua história. A obra é da literatura francesa, escrita por Alexandre Dumas, e frequentemente desponta nas listas das mais vendidas. O romance, assim como a poesia, são os gêneros literários citados por Ecnaton como seus preferidos.

Gessi Nery, participante há 3 meses

A longa espera nos terminais e a demora nas viagens é aliviada com a presença de um livro em mãos; ler ou escolher o objeto é uma forma de “passar o tempo”. Gessi Nery, vendedora autônoma, 54 anos, é usuária da Biblioteca Transcol há três meses e durante esse tempo relata ter tornado-se uma leitora assídua. Basta terminar um livro e devolvê-lo para escolher o próximo. São livros comuns, best-sellers, ficção e não ficção, não há um gosto padrão para Gessi, cujo próximo desafio é Fortaleza Digital, de Dan Brown, recém locado.

Ricardo Salvalaio tem 24 anos e há três trabalha nas bibliotecas espalhadas por sete terminais da grande Vitória. Ele é considerado um auxiliar de bibliotecário e auxilia pessoas na escolha de livros, incentivando-as a permanecerem com o hábito da leitura.

A Biblioteca do Terminal Ibes

A biblioteca do terminal do Ibes encontra-se próxima à entrada, chamando a atenção por ser como uma grande caixa aberta e que, de certo modo, lembra um livro. Repleta de bons volumes, Ricardo comenta que os best-sellers são os mais procurados juntamente de escritores como Luís Fernando Veríssimo. Ele diz que não há como reservar a obra, mas caso tenha interesse o leitor é informado do dia da devolução do exemplar, de forma que possa tentar buscar o título do interesse.

Cerca de 45 pessoas por dia passam por ali realizando empréstimos e devoluções, fora outras que, curiosas, passam, observam, porém não escolhem nada. São crianças, jovens e adultos, de faixa etária dos 8 aos 80 anos no cadastro dessa biblioteca que, apesar de pequena, “abriga um mundo” de conhecimento.

 

Fotografia: Izabelly Possatto

Edição: Any Cometti

Cultura e Informação ao Alcance de Todos

por Maíra Mendonça Cabral

A ONG Universidade para Todos surgiu em 2003 com a finalidade de expandir o projeto Universidade para Todos, criado em 1996 por alunos do Centro Acadêmico de administração da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Desde então, através de parcerias com empresas públicas e privadas, a ONG trabalha na realização de projetos de auxílio à população, como o Programa Universidade para Todos* (Pupt), Programa Jovens Valores*, Programa Rede Cultura Jovem* e o Biblioteca Móvel*, além do Sistema de Bibliotecas Transcol.

No dia 15 de Agosto de 2007 surgiu a primeira Biblioteca Transcol, situada no terminal de Laranjeiras, Serra. Inicialmente, a pequena biblioteca contava com cerca de 300 livros e hoje, já possui uma média de 1300 exemplares.

O sistema de Bibliotecas Transcol é resultado de uma parceria entre a ONG Universidade para Todos, a Ceturb e o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, que conta com o patrocínio da Arcelor Mital Tubarão. Ele é uma adaptação de projetos já existentes em outras regiões do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, onde livros são emprestados à população nos metrôs da cidade. Este programa consiste no empréstimo de livros através de bibliotecas instaladas nos terminais da Grande Vitória, com o objetivo de levar cultura e informação para as diversas camadas sociais.

 

Jeanssen Cunha, assistente de gerência e Pauliana Luiza, biblitecária da Transcol, ao lado dos novos livros que serão entregues as bibliotecas.

 

Três anos após sua fundação, o Sistema de Bibliotecas Transcol posssui um acervo de mais de 10.000 livros disponíveis em bibliotecas situadas em seis, dos dez terminais rodoviários existentes na Grande Vitória. São eles: Terminal de Itacibá, Campo Grande, Jardim América, Ibes, São Torquato e Laranjeiras. Já na próxima semana será inaugurada a biblioteca do terminal de Itaparica. Algumas das bibliotecas existentes, como a de Laranjeiras, Jardim América e São Torquato foram otimizadas e substituíram o antigo formato de bancas por containers. Esse novo módulo é maior e disponibiliza, inclusive, o acesso à internet.

Um livro pode custar muito caro. E é por isso que muitas vezes o acesso à informação é restrito àqueles que possuem melhores condições financeiras. Segundo a gerente da Biblioteca Transcol, Daniella do Couto Baroni Nascimento, de 25 anos, “Não é que as pessoas não gostem de ler, eles simplesmente não tem acesso”. Graças à grande receptividade da população e à consolidação de parcerias fortes, essas “livrarias dos terminais” conseguem contribuir com a formação cultural de diversas pessoas, que vão de crianças a idosos, passando por estudantes e donas de casa.

Pauliane Luiza, de 31 anos, bibliotecária do projeto e Jeanssen Cunha, de 23anos, assistente de gerência, são os responsáveis pela escolha e preparação dos livros que serão disponibilizados nos terminais. Eles contam que as compras são feitas de acordo com a demanda exigida pelos leitores. E os livros são bem diversificados. São obras de literatura, história, biografias, crônicas, contos, ciências sociais, religião, psicologia, juvenil e infantil, entre tantos outros. Após a seleção e a compra, todos os livros são catalogados, encapados e levados às bibliotecas.

Este projeto já possui 20.799 associados e o número de empréstimos realizados já passou dos 120.000. No dia 14 de Agosto de 2010, os leitores se reuniram para prestigiar o evento realizado pela Biblioteca Transcol, no Centro de Convenções de Vitória. Por lá, passaram os escritores Zuenir Ventura, Hélio de La Peña e o capixaba Roberto dos Santos Neves. Alguns leitores mais antigos também foram homenageados.

A dimensão tomada por esse projeto é mais uma prova de que o conhecimento precisa e pode ser levado a todos, independente de sua idade, formação escolar ou classe social. Não se trata apenas de um programa de incentivo a leitura, mas sim de um novo meio para a democratização da cultura e da informação, a fim de promover maior inclusão social.

Como cadastrar-se:

Para cadastra-se é preciso levar carteira de identidade, CPF, uma foto 3×4 (exceto na biblioteca de Laranjeiras, onde as fotos são tiradas pela webcan) e comprovante de residência próprio, dos pais ou do conjugue. Após o preenchimento da ficha cadastral, o leitor recebe uma carteirinha, que poderá ser utilizada em qualquer Biblioteca Transcol. O livro é locado por dez dias e o empréstimo pode ser renovado por mais uma vez.

*Programa Universidade Para todos – Programa de preparação para o vestibular para alunos da rede pública, com renda familiar inferior a quatro salários mínimos.

*Programa Jovens Valores – Pretende facilitar a inserção de estudantes de nível médio, superior e técnico no mercado de trabalho, por meio da realização de estágios acompanhados em diversos órgãos, atarquias e fundações do Estado.

* Programa Rede Cultura Jovem – Desenvolve ações de conexões virtuais e presenciais para potencializar as manifestações artístico-culturais da juventude do Espírito Santo.

*Biblioteca Móvel – O Projeto Biblioteca Móvel é parte do programa “Leia, Espírito Santo, da Secretaria de Educação (Sedu) e do Sistema Estadual de Bibliotecas públicas (Secult) em parceria com a ONG Universidade para Todos. Ele consiste em um veículo equipado para levar livros a cada quinze dias a oito bairros da Grande Vitória: Bandeirantes, Santa Rita, Terra Vermelha, Itararé, Vila Nova de Colares, Planalto Serrano, Nova Rosa da Penha e Central Carapina. Este programa funciona desde março de 2008 e possui 1.900 associados, tendo realizado mais de 21.000 empréstimos. Para cadastrar-se é só levar a identidade e o comprovante de residência.

 

ONG Universidade para Todos:

Avenida Desembargador Demerval Lyrio; Número 281; terceiro andar;

Mata da Praia, Vitória, E.S

CEP: 29065-340

Telefone: (27) 3324-5002/ (27) 3225-2809

Edição: Any Cometti

Fotografia: Maíra Mendonça Cabral

Trabalhando a cidadania

por Any Cometti

Maria Luziene, coordenadora do Cesam, e alunas do Centro

A *Lei nº 10097 de 19 de dezembro de 2000 regulamenta a profissão do Menor Aprendiz e define que toda empresa que conte com mais de sete colaboradores deve empregar adolescentes em seu quadro de trabalho.

Há 13 anos, o CESAM – Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador – orienta e capacita jovens capixabas em situação de risco social para sua inserção no mercado de trabalho. Com a aprovação da Lei, a demanda por Aprendizes cresceu. Nesse meio tempo o projeto se expandiu e se tornou referência para os jovens que buscam seu primeiro emprego. Uma equipe formada por professores, pedagogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais acompanha o jovem em seu ambiente profissional, escolar e familiar como forma de ajuda-lo a traçar um projeto de vida e de auxiliar sua formação humana. O amadurecimento psicológico e profissional, segundo o professor de Administração Reinaldo Tadeu, é uma das evoluções mais nítidas que se nota no aluno no período em que ele participa do Cesam. “Eles chegam despreparados para a vida profissional. Ao longo do convívio, nota-se uma grande evolução na postura, na fala, e na questão do relacionamento”.

Uma das principais barreiras a serem quebradas é o pensamento de que o projeto funciona como uma escola regular, o que, segundo Francisco de Alencar, pedagogo, não procede. No Cesam, os adolescentes têm, sim, aulas de português e matemática. Mas há um direcionamento maior para a formação humana e cidadã, por meio de aulas de ética, sustentabilidade, cidadania e também pela prática de esportes, tais como vôlei, basquete, futebol, capoeira e ginástica olímpica. “Não há o objetivo de suprir a carência da escola comum, mas sim de trabalhar de uma forma lúdica”.

Essa forma de educação tem rendido sucesso e muita satisfação por parte dos adolescentes que, hoje, chegam a 1700 só no município de Vitória. Taisa Lima Santos, de 16 anos, confessa que entrou pelo salário pago pelas empresas contratantes, mas teve acesso a muitos outros benefícios. Devido às aulas preparatórias, deixou de ter dificuldades em matemática, passou a gostar dessa matéria e elogia a formação ética proporcionada pelo Centro. “Hoje sei no que quero trabalhar, sei o que quero ser”. Ayline Lima Fávila, 16 anos, que também entrou pelo retorno financeiro, tem como melhores resultados de sua participação as amizades formadas e o conhecimento adquirido. “Pretendo continuar estudando, cada vez mais”. Ambas terminaram nessa sexta-feira (8) o curso preparatório para a função de auxiliar administrativo e, posteriormente, iniciarão em suas profissões.

Já Lucas Loureiro Oliveira, 17, e Mário Pinheiro Gonçalves, 18 anos, trabalham como aprendizes e declararam que adquirir responsabilidades é uma das melhores formas de amadurecer no projeto. O professor Rodrigo Rodrigues diz que a maioria dos jovens se empolga com o emprego e gosta de identificar, na prática, aquilo que é visto em sala de aula. “Temos muitas teorias e apresentamos muitas partes práticas nas aulas, para apresentar a realidade do mercado de trabalho”.

Alunos aprendem informática no laboratório do projeto

O Cesam disponibiliza capacitações para três funções: auxiliar de serviços bancários, auxiliar administrativo e auxiliar de serviços médico-hospitalares. A orientação e o estágio são feitos em período contrário ao turno da escola regular em que o adolescente está matriculado. O jovem pode escolher duas opções para a capacitação: uma que dura dois meses e é feita antes do início do emprego formal e outra que o segue paralelamente – o adolescente recebe orientação em três dias da semana; nos outros dois, trabalha. O primeiro dia de orientação do adolescente é também seu primeiro dia de funcionário com carteira assinada, mesmo que ainda não exerça sua função, e ele trabalha, preferencialmente, em seu município de origem. Além de Vitória, o projeto possui unidades nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares e São Mateus.

Em dezembro, serão abertas novas turmas no Cesam. Os interessados devem inscrever-se pelo site do projeto (http://www.salevitoria.com.br/cesam/) . Para ingressar, devem estar cursando pelo menos o oitavo ano do ensino fundamental (antiga sétima série), ter entre 14 e 18 anos, renda familiar de, no máximo, meio salário mínimo per capta e estudar em escola pública (ou em particular com bolsa de 100%). A avaliação para ingresso é feita por meio de uma prova básica a nível de oitavo ano de português e matemática. Maria Luziene Teubner Genelhu, coordenadora do projeto, aconselha: “Preparem-se. Às vezes os jovens não estão preparados para a prova e, mesmo que passem, não têm um desempenho satisfatório na empresa”.

E nesses 13 anos de projeto, o Cesam interviu positivamente na vida de muitas pessoas. Geanne Marques Soares esteve no projeto entre os anos de 1996 e 2000 e hoje segue na área administrativa, a mesma em que recebeu orientações em sua época de estudante. “Na época, aprendi a lidar com as pessoas. Dentre tantas lições, aprendi a ter amor ao próximo, trata-lo com carinho, e ter gratidão pelo que fazem pela gente”.

• A Lei nº 10097 de 19 de dezembro de 2000 define contrato de Aprendizagem como “o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação”. Toda empresa que conte com mais de 7 colaboradores deve ter de 5 a 15% de seu quadro de funcionários formado por Aprendizes. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L10097.htm)

 

CESAM – Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador

Av. Vitória, 900

Forte São João, Vitória, ES

CEP: 29017-022

Telefone: 3205-8601 / 3205-8607

e-mail: cesam@salesiano.com.br

site: http://www.salevitoria.com.br/cesam/

Fotografia: Any Cometti

Editoração: Maíra Mendonça

Viva a melhor idade!

por Izabelly Possatto

Idosos recebem carinho de profissionais de várias áreas

Com o objetivo de assistir aos idosos, acolhendo-os devidamente e proporcionando uma melhor qualidade de vida, a Fundação de Assistência e Amparo à Velhice foi criada em 1992 por um grupo de pessoas interessadas unicamente na solidariedade. A instituição, que durante anos contou com algumas casas alugadas para servir como base, mas que por isso também restringia o serviço do voluntariado, hoje tem sede própria. Por essa conquista obteve a documentação necessária para atender como casa-dia, a primeira do estado. Na rua Mário Veloso em Itapoã, Vila Velha, uma verde casa destaca-se entre as demais; é a FAAVE.

O espaço

A casa-dia difere-se da casa lar por acolher os idosos unicamente no período diário, sem que estes durmam no local. São cidadãos da melhor idade e de baixa-renda que interagem uns com os outros das 8h às 17h em diversas atividades de entretenimento e recreação, recebendo todo carinho e atenção que merecem. Em um amplo espaço, que pode abrigar até 20 pessoas, funcionários e voluntários, sempre com um sorriso no rosto, valorizam esse grupo. Eles recebem cinco refeições ao longo do dia, com o cardápio sempre cuidadosamente elaborado por uma nutricionista; atividades de socialização além de acompanhamento terapêutico, nos dias úteis, visando melhoria da qualidade de vida dos beneficiados da melhor idade.

A FAAVE é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos e não governamental que tem como base o trabalho voluntariado, sempre muito bem-vindo e alguns poucos contratados necessários para atender a demanda dos serviços.

Doações recebidas recentemente na casa

Maria Elisa Pereira Grillo, 57 anos, uma das voluntárias, ressalta que para ser beneficiado é preciso ter acima de 60 anos e receber até dois salários mínimos. Comprovação de renda (como cópia da carteira do SUS), identidade, atestado médico com receituário e a atualização dos exames são os documentos exigidos para ser um dos atendidos. Além dessa assistência o projeto realiza ainda a distribuição de cestas básicas para cerca de 30 famílias carentes e visitação a idosos acamados que não podem ser incluídos no programa da casa-dia.

Delma Patrocínio de Jesus, 53 anos, conta que grande parte dos idosos é a fonte de sustento da família, por isso, essa é outra proposta da casa-dia: entreter e cuidar dessas pessoas, de forma que a família possa nesse tempo trabalhar e conseguir melhorar a renda.

A FAAVE abre os braços a todos que quiserem doar o seu trabalho à entidade, necessitando de fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, pedagogo, assistente social, psicólogo e outros mais que, segundo a farmacêutica Fernanda de Oliovgeira, serão de grande valia. Outras contribuições e doações, esporádicas ou mensais, podem ser feitas para auxiliar a manutenção e funcionamento da entidade que, apesar das despesas, não cobra nada dos idosos assistidos.

Transparência

Por estar regulamentada e prestar contas à Vigilância Sanitária e ao Ministério Público a diretoria e os funcionários declaram todo funcionamento da casa, que possui, inclusive, um Estatuto Social com regras, direitos e deveres dos trabalhadores e beneficiados.

Não havia uma época melhor para a sede recém-inaugurada: dia 1º de outubro foi comemorado o dia do idoso.

Visite a FAAVE, conheça o belo trabalho desses heróis voluntários e seja um deles também.

 

Fundação de Assistência e Amparo à Velhice – FAAVE

Endereço: Rua Mário de Almeida, 50

Bairro Itapoã, Vila Velha – ES

Telefone: 3329-9414

Site: www.faave.com.br

 

Fotografia: Izabelly Possatto

Editora: Any Cometti

Amor e dedicação a serviço da vida

por Maíra Mendonça Cabral

O que é o câncer?

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.

Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma.

Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

Fonte: http://www.inca.gov.br

Amor e dedicação a serviço da vida

Ajudar a melhorar a qualidade de vida de pessoas que sofrem com o câncer. Essa é a principal meta do GAPC – Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer. Esta organização não governamental surgiu em 22 de Fevereiro de 2005 a partir da iniciativa de familiares e amigos de portadores dessa doença.

Atualmente, o GAPC atende a 1237 pacientes acima de 18 anos, dos quais 890 participam ativamente do projeto. O tratamento realizado na instituição é de cunho biopsicossocial. Ele visa promover maior saúde física para os portadores de câncer ao mesmo tempo em que procura reinseri-los na sociedade, da qual muitas vezes são excluídos por preconceito ou por falta de informação em relação à doença.

À esquerda, Priscila, a assistente social e à direita, Andréia, a secretária do GAPC.

Um dos diferenciais do GAPC é a forma de lidar com seus pacientes. Lá não existem pessoas internadas e só se fala sobre a doença em momentos realmente necessários, como quando o paciente é fumante ou alimenta-se mal. Para  os voluntários, o apoio  psicológico e a  aproximação afetiva  com os frequentadores  do local são  fundamentais. Essas  atitudes são  responsáveis por  eliminar os quadros  depressivos em que eles se encontram e permite-lhes uma maior aceitação de seus problemas, impulsionando-os a lutar contra a doença. Segundo Andréia de Oliveira Pinheiro, 27, secretária do projeto “Os pacientes procuram o conforto, o carinho e o apoio que muitas vezes não encontram em suas próprias casas. Por isso devemos estar sempre de peito aberto para recebê-los”.

O GAPC realiza reuniões, terapias de grupo e tardes de cinema com os portadores de câncer, além de promover oficinas terapêuticas de confecção de bijuterias, biscuits e de pintura em tecido. É durante as terapias de grupo que os pacientes sentem-se a vontade para falar de seus problemas cotidianos e trocar experiências, adquirindo assim, maiores informações sobre o modo como lidar com o câncer. São oferecidas também sessões de reiki, uma técnica de relaxamento baseada na canalização da energia universal através da imposição das mãos, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio natural dos indivíduos.

Para realizar tudo isso, o Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer conta com a ajuda de sete funcionários que prestam auxílio psicológico, fonoaldiológico e nutricional. Priscila do Reis Vasconcelos, 28 anos, é assistente social do projeto há quatro anos e afirma que é preciso ser forte e estar preparado para lidar com tantos momentos de tristeza e dificuldade. Entretanto, é impossível não se envolver com as histórias de cada um. “Eu amo isso aqui. Para mim é uma realização pessoal e profissional”.


Biscuits confeccionados pelos portadores de câncer durante as oficinas terapêuticas.

Implantação de novos projetos

A partir de Outubro de 2010, o GAPC prevê a implantação de dois novos projetos. O primeiro destina-se ao tratamento psicológico de crianças, filhos(as) de pacientes com câncer. Já o segundo atenderá a mulheres mastectomizadas, ou seja, aquelas que sofreram perda parcial ou total da mama devido à retirada do nódulo maligno. Esse apoio busca elevar a auto-estima dessas mulheres e ajudá-las a seguir e frente com suas vidas.

Ajudar nunca é demais

Além do trabalho de apoio psicológico aos portadores de câncer e seus familiares, o GAPC presta um auxílio material a essas pessoas, que na maioria das vezes não possuem renda familiar e muito menos condições para arcar financeiramente com os caros tratamentos.

Materiais destinados à doação para os pacientes atendidos no GAPC.

São fornecidas cestas básicas (que já atendem a 296 famílias), suplementos alimentares, leite, fraldas e absorventes geriátricos, colchões “casca de ovo”, medicamentos e exames clínicos. O projeto sobrevive apenas através de doações de pessoas físicas. Os produtos artesanais produzidos pelos pacientes são vendidos e o dinheiro arrecadado é destinado à compra de mais materiais.

Entretanto, ajudar nunca é demais. Para atender às necessidades de todos os que buscam ajuda na instituição e exercer um trabalho de qualidade é preciso que haja cada vez mais colaboradores. As doações podem ser feitas na própria sede do GAPC ou por meio de telemarketing.

Horários das oficinas

Reuniões e Palestras – Ocorrem mensalmente durante a última quinta-feira do mês, às 9h.

Terapias de Grupo – Ocorrem semanalmente, todas às segundas-feiras, às 14h.

Tardes de cinema – Ocorrem quinzenalmente às quartas-feiras, às 14h

Confecção de Bijuterias – Todas as quartas-feiras, às 14h

Pintura em tecido – Todas as quintas-feiras, às 14h

Confecção de Biscuits – Todas as sextas-feiras, às 14h

GAPC – Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer

Avenida Marechal Campos, 1033, Santos Dumont, Vitória – E.S

Telefone de contato: 3233-4831

Site: http://www.gapc.org.com

Fotografia: Thaiana Gomes

Edição: Thaiana Gomes