Terminal Ibes: palavras fundamentais

por Izabelly Possatto

Ecnaton e Ricardo na Biblioteca

Gente. É o que circula nos terminais da grande Vitória, especialmente no Ibes, inaugurado dia 8 de março de 1991. São justamente essas pessoas que fazem cidadania e isso é matéria. Reportagens são constituídas, além das notícias, de personagens. A personificação faz parte e contar a história deles ao invés de outra narrada por eles também é pauta.

“Ler é … fundamental”. Essa foi a frase que Ecnaton Jaguarassu da Silva, 29 anos, completou ao ser indagado sobre a leitura. Pode parecer clichê, mas ele garante que não é, pois afirma que através da leitura há uma abrangência maior do conhecimento. Novos lugares, sensações, experiências; tudo é vivenciado e descoberto ao decorrer das linhas de um livro. O aspecto brincalhão e o permanente sorriso fazem parte da vida e da profissão não tão comum atualmente, mas sempre presente e necessária em meio à desordem que é o cotidiano; Ecnaton é palhaço e circula nas linhas de ônibus para alegrar a viagem dos passageiros.

De engraçada mesmo só a carreira porque cita O conde de Monte Cristo como livro marcante em sua história. A obra é da literatura francesa, escrita por Alexandre Dumas, e frequentemente desponta nas listas das mais vendidas. O romance, assim como a poesia, são os gêneros literários citados por Ecnaton como seus preferidos.

Gessi Nery, participante há 3 meses

A longa espera nos terminais e a demora nas viagens é aliviada com a presença de um livro em mãos; ler ou escolher o objeto é uma forma de “passar o tempo”. Gessi Nery, vendedora autônoma, 54 anos, é usuária da Biblioteca Transcol há três meses e durante esse tempo relata ter tornado-se uma leitora assídua. Basta terminar um livro e devolvê-lo para escolher o próximo. São livros comuns, best-sellers, ficção e não ficção, não há um gosto padrão para Gessi, cujo próximo desafio é Fortaleza Digital, de Dan Brown, recém locado.

Ricardo Salvalaio tem 24 anos e há três trabalha nas bibliotecas espalhadas por sete terminais da grande Vitória. Ele é considerado um auxiliar de bibliotecário e auxilia pessoas na escolha de livros, incentivando-as a permanecerem com o hábito da leitura.

A Biblioteca do Terminal Ibes

A biblioteca do terminal do Ibes encontra-se próxima à entrada, chamando a atenção por ser como uma grande caixa aberta e que, de certo modo, lembra um livro. Repleta de bons volumes, Ricardo comenta que os best-sellers são os mais procurados juntamente de escritores como Luís Fernando Veríssimo. Ele diz que não há como reservar a obra, mas caso tenha interesse o leitor é informado do dia da devolução do exemplar, de forma que possa tentar buscar o título do interesse.

Cerca de 45 pessoas por dia passam por ali realizando empréstimos e devoluções, fora outras que, curiosas, passam, observam, porém não escolhem nada. São crianças, jovens e adultos, de faixa etária dos 8 aos 80 anos no cadastro dessa biblioteca que, apesar de pequena, “abriga um mundo” de conhecimento.

 

Fotografia: Izabelly Possatto

Edição: Any Cometti

Sobre socialidades
O Blog Socialidades quer resgatar a função social que o jornalismo possui em sua essência, mostrando o trabalho de projetos e instituições sociais, para que o público veja e conheça o que as pessoas andam fazendo para que tenhamos, a cada dia, uma realidade menos desigual.

Deixe um comentário