Artigo do Ombudsman

por Any Cometti

Projetos sociais, ONGs e casas de acolhimento estiveram na pauta durante dois meses de um trabalho inicialmente avaliativo que se transformou em paixão e motivo de orgulho. Mas talvez a falta de experiência, o fervor das primeiras matérias e a pressão para que tudo ficasse da forma que almejavam tenham sido os maiores obstáculos dessas focas no caminho rumo à melhor forma de se fazer Jornalismo. Todas as meninas aprenderam a lidar com fontes, horários e depoimentos. Erros foram cometidos na tentativa de fazer melhor, de inovar, e a diferença entre as primeiras e as últimas matérias é nítida.

O blog, primeiramente, tem como público-alvo jovens de todas as regiões da Grande Vitória. Mas apenas uma matéria – Viva a melhor idade!, de Izabelly Possatto – foi feita fora da capital, além das pequenas reportagens sobre os módulos da Biblioteca Transcol. Muitos projetos recebiam apoio da Prefeitura de Vitória, parceria que, inclusive, dificultou a apuração da matéria Nos passos do Futuro, também de Izabelly Possatto, sobre o projeto Caminhando Juntos (Cajun). Seria interessante retratar mais instituições boas, com muitos atendidos, que não conseguem parceria de órgãos governamentais ou privados, e mostrar o porquê dessa dificuldade. Também seria interessante destacar um pouco mais essa dificuldade com relação à prefeitura, incomodá-la um pouco mais, e descobrir o porquê do cerco tão grande em torno de alguns projetos.

Um dos principais deslizes cometidos pelas repórteres foi, talvez, escrever a matéria para alguém que conhecesse o tema, e não lembrar que o leitor busca naquela reportagem todas as informações necessárias e claras conforme seu interesse. Esther Ramos Radaelli, em Democratizar é Lei, explicou cada projeto desempenhado no espaço, mas não deixou claro que Escolinha de Ginástica é um dos trabalhos desenvolvidos; pra quem lê, o nome pode ser entendido como menção ao espaço do projeto e gerar confusão. Faltou a explicação do projeto Pro Jovem Urbano, na matéria de Any Cometti sobre o Núcleo Afro Odomodê; e erros nos nomes das instituições, como o que Thaiana Gomes escreve em sua primeira reportagem, e Any Cometti não edita: Arteliê de idéias, quando na verdade deveria ser Ateliê, são o tipo de erro que não deve nem pode ser cometido. A ortografia ficou em segundo plano, dado que as antigas e novas regras – de acentuação, hifenização e trema – confundiram-se nas diferentes matérias. Um veículo sempre deve estabelecer seus padrões de estilo: se serão adotadas ou não as novas regras ortográficas, se meses, profissões e cursos superiores são iniciados com caixa alta, se números são escritos por extenso, se o nome do projeto, na parte que exibe as formas de contato, vai em bold ou não.

Outro erro cometido no início pelas meninas foi a promessa de fazer um vídeo com o making-off de cada matéria. Mesmo antes de tentar incluir o primeiro deles no arquivo do blog, anunciou-se a existência de um na primeira reportagem postada. E isso se seguiu: na segunda, na terceira, na quarta. Não houve correção nas postagens em que foi abordada a alguma das integrantes a autoria das filmagens sem que o leitor tivesse acesso à mídia. Ao contrário do que poderiam ter pensado, a menção a algo que não existe pode representar mais uma irresponsabilidade, uma falta de compromisso ao que é apresentado como proposta inicial, do que uma referência a algo que se tentou fazer e não foi concretizado, por qualquer razão que houvesse.

A periodicidade do blog, também, é um fator a ser considerado. As matérias eram postadas duas vezes por semana, impreterivelmente. Entretanto, várias vezes as matérias saiam na madrugada entre o dia estabelecido para postagem, sábados ou quartas, e o dia posterior, domingos ou quintas-feiras, e esse fator pode gerar confusão entre quem procura os dias fixos de postagens para ler novas matérias.

Biblioteca Transcol

Última pauta do período avaliativo do blog. Sugerida por um leitor e adorada por vários. Foram feitas cinco matérias: uma geral, que visou apresentar o projeto e a ONG idealizadora, e outras quatro, que retrataram o dia-a-dia dos módulos de biblioteca e personagens que faziam parte do espaço. De forma diferente por ser uma série especial, mas escritas dentro do mesmo padrão no qual foram feitas todas as outras.

E, porque não, enlouquecer um pouco mais? Fazer do cotidiano um fato peculiar? Aproveitar que era uma série especial e arriscar, diferenciá-las ainda mais da forma como todas as outras matérias foram escritas? Para o leitor Daniel Fernandes, faltou literatura na série especial, dado que o tema central do projeto era propício: Livros. “Elas poderiam ter entrado em ônibus, entrevistado gente que estava lendo naquele momento. Faltou loucura”. E onde estava a repórter Any Cometti nessa série? Limitou-se a editar toda a série enquanto Maíra Mendonça ficou sobrecarregada ao fazer a matéria geral e uma das reportagens específicas.

Segundo integrantes do blog, esse tipo de reportagem requer o tempo que algumas delas não têm disponível. Entretanto, como uma matéria especial, deveria ser pensada e preparada a longo prazo, já que na vida de um jornalista, ainda que esse seja um estudante, tempo é mercadoria preciosa e constantemente em falta. Agora, as jornalistas pretendem continuar com o blog, com uma postagem semanal. Talvez haja mais tempo de pensar e fazer reportagens mais criativas e inovadoras.

Sobre socialidades
O Blog Socialidades quer resgatar a função social que o jornalismo possui em sua essência, mostrando o trabalho de projetos e instituições sociais, para que o público veja e conheça o que as pessoas andam fazendo para que tenhamos, a cada dia, uma realidade menos desigual.

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